Saquarema, 1979
Roubar do barro e da pedra o poder
de condensar o nada embaixo das rodas de um carro:
Inventar o chão da estrada!
Convocar espaços tempos e energias
e tramar com esses fios invisíveis uma paisagem de pó.
De repente arrancar desde o ferro
um berro qualquer, uma gargalhada, um espirro forte
e passar um dia inteiro pensando na morte
a fumar os teus erros
num cigarro de palha... Só.
Largar o barco as pernas o corpo de mulher
e descer o rio num sorriso largo.
O vento é gostoso em teu vestido claro, tua vela é branca.
Ranger os dentes durante a noite e diante das cachoeiras tremer
de frio medo e raiva qual um bicho amarrado.
Morder loucamente as cordas da frente, as de trás
e as do companheiro ao lado
e roer lentamente esses nós, desatar mãos já quase mortas
e rir dançar chorar embriagada, esperando
que essas mãos desamarradas venham de repente abrir as tuas portas.
Obs.: este poema foi publicado na revista Rubedo
Fiquei muito emocionada. Esta poesia,o manuscrito dela, ficou comigo durante anos e se perdeu numa chuva, que molhou várias pastas de documentos que tinha. Maldita goteira. E, agora, recuperar esta maravilha - feita pra mim. Só você mesmo, Rogério... Vou acompanhar seu blog. Achei muito bom! Adorei o bolinho não sei de quê com um molho gostoso. Quero a receita.
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